quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Sagarana

Saragana (1946)
Autor: João Guimarães Rosa
Número de Páginas: 370
            Pertencente a última fase do modernismo, João Guimarães Rosa foi um escritor regionalista. Em seus livros, retratava o interior de Minas Gerais, a vida na roça. No livro que escolhi para ler não foi diferente. Na verdade, não foi bem uma escolha, pois era o único livro de Guimarães Rosa disponível, no momento, na biblioteca municipal daqui. Minha intenção era ler “Grande Sertão: Veredas” que, dizem, ser um dos melhores livros já escritos, inclusive, considerado o terceiro melhor do século XX pela Folha de São Paulo. Porém, fiquei com Sagarana.
            Assim, vamos ao livro que pude ler:
           Sagarana é um hibridismo (união de dois radicais de línguas distintas): “Saga” e “Rana” que significam, respectivamente, “conto histórico” e “semelhante à”, ou seja, “Próximo a uma saga” ou “Quase uma saga”.
            É composto pelos seguintes contos:
• O Burrinho Pedrês
• A volta do marido pródigo
• Sarapalha
• Duelo
• Minha Gente
• São Marcos
• Corpo Fechado
• Conversa de Bois
• A hora e vez de Augusto Matraga
         Em todos os contos há a majestosa descrição das paisagens interioranas, e da vida na roça, como já dito. Isso pode ser encontrado em qualquer análise da obra.
           Análises da obra... Em todas essas análises, é falado que os contos são alegorias, ou seja, fábulas que têm, no final, “a moral da história”. Sim, alguns contos de fato têm uma moral (não necessariamente no final), têm um ou outro trecho para refletir. Contudo, são contos muito longos para finais tão banais. Sempre li que o escritor não deve ter medo de cortar cada parte desnecessária de sua narração. Bem, não sei se isso é recente. Sendo ou não, se Guimarães Rosa houvesse cortado cada parte prosaica de cada conto, nenhum teria mais de 10 páginas.
            Não gostei desse livro. Pode, aos olhos de alguns, parecer sacrilégio e, de fato, possa sê-lo, pois uso como título do blog o título de um dos livros do modernista aqui em questão. Peço desculpas, sem culpa.
           O certo é que para cada opinião positiva há uma negativa. A minha é uma delas. E não foi a única, por exemplo, em “A Descoberta do Mundo”, livro de crônicas de Clarice Lispector, na crônica A Entrevista Alegre, na qual Lispector recebe uma entrevistadora em sua casa e, em certo momento, entre risos, esta pergunta o que Clarice achara do que Fausto Cunha, crítico, escrevera: que ambos, ela e Guimarães Rosa, não passavam de embustes. Ela disse que nenhum dos dois era. Riu. E disse que Guimarães Rosa riria também. Mas seria um riso descontraído ou nervoso por saber sê-lo?
         É cedo para dizê-lo. Talvez, como ainda era o início de sua carreira, o escritor não estivesse em seu extremo como autor. Ou eu não estava em um bom momento para ler esse livro. Ou apenas tenha superestimado demais o escritor. Contudo, que venha – espero que em breve – “Grande Sertão: Veredas”.


"E Santana toca, na mesma andadura, sem se voltar. Mas tornarei a vê-lo, sei. E é graças aos encontros inesperados dos velhos amigos que eu fico reconhecendo que o mundo é pequeno e, como, sala-de-espera, ótimo, facílimo de se aturar..."

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